Esposa de Thiago Ávila critica prisão ilegal do ativista em Israel e cobra ação do Itamaraty
Ainda segundo Lara Souza, o marido se recusou a o termo de deportação porque "seria assumir culpa por um crime que ele não cometeu”
247 - A psicóloga Lara Souza, esposa do ativista brasileiro Thiago Ávila, denunciou publicamente a detenção de seu marido como uma ação política e ilegal por parte das autoridades israelenses. A declaração foi feita em entrevista publicada pelo jornal O Globo, após a prisão de Ávila durante uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza, ao lado da sueca Greta Thunberg e outros ativistas, a bordo do barco "Madleen".
Ávila foi capturado na madrugada de segunda-feira (9) por militares israelenses enquanto participava da flotilha que levava ajuda humanitária ao território palestino sitiado. Segundo Lara, seu marido se recusou a o documento de deportação por entender que a equivaleria a assumir uma culpa inexistente: “ deportação seria assumir culpa por crime que ele não cometeu”, afirmou. Juntos há cinco anos, o casal tem uma filha de apenas um ano e cinco meses.
Detido sem o consular - Desde a detenção, o ativista não pôde ser visitado por representantes da embaixada brasileira, conforme relatou Lara. As únicas informações têm chegado por meio de uma advogada vinculada à organização palestina Adala, que atua em Israel com foco na defesa de presos políticos. “Mesmo a embaixada brasileira não está tendo o a ele, apesar deles terem tentado”, revelou Lara.
Ela explicou ainda que Thiago, junto com outros sete detidos, preferiu ser representado por essa equipe jurídica, em vez de aceitar os termos propostos pelas autoridades israelenses: “o Thiago e outros sete ativistas não aceitaram porque era assumir culpa de algo que eles não fizeram, de crime que eles não cometeram".
Os ativistas foram inicialmente levados para um porto militar, sem qualquer comunicação oficial com as embaixadas. Posteriormente, foram encaminhados ao centro de detenção do aeroporto, onde finalmente houve contato diplomático. Após os interrogatórios, o grupo foi transferido para o centro de detenção Givon. A defesa pede a libertação imediata dos ativistas, alegando que estão sendo mantidos ilegalmente sob custódia.
Críticas à atuação do Itamaraty - Questionada sobre a atuação do Ministério das Relações Exteriores, Lara afirmou ter recebido apoio inicial, mas que houve recuo após a negativa de Ávila em o documento de deportação. “Depois dessa decisão de não assumir a culpa, o que eu recebi foi que isso saía da alçada deles”, lamentou. Ela reforçou que o Brasil tem o dever de proteger seus cidadãos e destacou que o marido está detido ilegalmente, o que configura uma prisão de caráter político.
Missão humanitária sob ataque - A ação da flotilha tinha como objetivo denunciar o bloqueio israelense à Faixa de Gaza e levar suprimentos à população palestina. Para Lara, a tentativa de descredibilizar a missão, classificada pelo chanceler israelense como um “iate de celebridades”, não a de manobra política. “Menos de um mês antes dessa missão, eles tentaram sair com outra flotilha e o barco foi bombardeado por dois drones israelenses”, lembrou. Ela defendeu a presença de figuras públicas como uma forma de proteção e visibilidade: “o fato de terem pessoas de alcance é justamente uma forma de proteção dos ativistas e de fazer as pessoas olharem".
Acusações sobre o Hezbollah - Lara também respondeu a críticas sobre a presença anterior de Thiago Ávila no funeral de um líder do Hezbollah. Segundo ela, não há qualquer vínculo entre seu marido e o grupo libanês. “O Thiago não tem qualquer ligação com o Hezbollah, nunca teve. O Thiago trabalha com comunicação, como correspondente internacional, com o jornalismo. Para esse funeral, eles convidaram jornalistas do mundo inteiro".
Ela reforçou que o ativismo de Ávila está enraizado em mais de duas décadas de luta socioambiental e de defesa de povos oprimidos, sem qualquer relação com militância armada ou extremismo. “Desde a adolescência na área socioambiental, mas também sempre fez parte do ativismo dele essa defesa dos povos”, concluiu.
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