“A renda do trabalhador foi acima da inflação”, diz Haddad em audiência na Câmara
O ministro defendeu o cenário econômico e destacou a atuação dos bancos públicos
247 - Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que os bancos públicos estão oferecendo juros mais baixos que os privados na nova modalidade de crédito consignado privado. De acordo com ele, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil têm praticado uma taxa média de 2,5% ao mês.
"No Banco do Brasil e na Caixa está em 2,5%. Bancos privados estão cobrando um pouco mais, mas os bancos públicos estão cobrando 2,5% no crédito consignado privado. Você sai da taxa de juros de 6% a 8% para 2,5%", declarou o ministro.
Apesar do otimismo com a atuação dos bancos públicos, a média geral dos juros ainda não atingiu os níveis desejados pelo governo. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média anual do consignado privado subiu de 44% (3,1% ao mês) em março para 59% (3,9% ao mês) em abril. Em fevereiro, o juro mensal era de 2,9%.
Segundo o Ministério do Trabalho, entretanto, há sinais de queda: a taxa começou em 4,35% ao mês e, em maio, recuou para 3,43%. A nova modalidade já liberou mais de R$ 14 bilhões, sendo que só em abril o volume contratado foi de R$ 5,6 bilhões — alta de 148% em relação ao mês anterior.
Durante a audiência, Haddad também abordou o combate à inflação, afirmando que a renda dos trabalhadores vem crescendo acima do aumento médio dos preços."Temos preocupação em reduzir a inflação, mas a renda do trabalhador foi acima das taxas de inflação, inclusive se nós nos fixarmos na inflação de alimentos", afirmou, ao defender que o cenário econômico vem mostrando sinais positivos.
O encontro ocorreu em meio à expectativa de apresentação de um novo pacote fiscal do governo federal, que será editado por Medida Provisória (MP) nos próximos dias. A proposta inclui o fim da isenção do Imposto de Renda sobre LCI e LCA — que arão a ser tributadas em 5% a partir de 2026 — e a criação de uma alíquota única de 17,5% para aplicações financeiras, inclusive criptomoedas.
A MP também prevê o aumento da tributação sobre Juros sobre Capital Próprio (de 15% para 20%), elevação da CSLL das fintechs (de 9% para 15%) e maior taxação sobre as bets (de 12% para 18%). Também está em discussão um corte de 10% nos benefícios tributários infraconstitucionais, com exceções para o Simples Nacional, a Zona Franca de Manaus e entidades sem fins lucrativos.
As medidas foram apresentadas a líderes da base aliada no fim de semana e aprovadas pelo presidente Lula em reunião na terça-feira. O pacote surge como alternativa após forte reação do Congresso ao aumento do IOF, especialmente sobre operações de crédito de empresas e previdência privada (VGBL).
O governo recuou parcialmente, e agora estima uma arrecadação entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões este ano — valor muito abaixo da expectativa inicial de R$ 19,1 bilhões.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou a estratégia fiscal do Executivo e deixou claro que não há compromisso com a aprovação das medidas.
“Apresentar ao setor produtivo qualquer solução que venha trazer aumento de impostos sem o governo apresentar o mínimo de dever de casa do ponto de vista do corte de gastos não será bem aceito pelo setor produtivo nem pelo Congresso. Não estou à frente da presidência da Câmara para servir a projeto eleitoral de ninguém”, declarou Motta.
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