Amnésia dos réus no STF é desmascarada pelas verdades irrefutáveis do golpe em avançada gestação
Os eventos de 8 de janeiro de 2023 são um alerta sobre a fragilidade da democracia
Nas últimas 48 horas, o Supremo Tribunal Federal (STF) transformou-se em um campo de batalha contra o vírus da amnésia seletiva. Réus de alta proeminência na vida pública brasileira, interrogados no inquérito que apura a trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023, parecem ter esquecido desde detalhes triviais até suas próprias ações. Sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, o julgamento expõe uma conspiração que corroeu os alicerces da democracia, como um ácido que dissolve lentamente o tecido constitucional.
O inquérito, iniciado após os atos de 8 de janeiro de 2023, é um monumento jurídico. Centenas de provas – documentos, áudios, vídeos, perícias de celulares confiscados, gravações de reuniões nos palácios de Brasília e testemunhos de envolvidos – formam um arcabouço que torna a defesa dos réus cada vez mais frágil. A desfaçatez com que a mentira tenta se sustentar é quase ilimitada, desafiando a veracidade.
Um ex-presidente itiu ter acusado três ministros do STF de corrupção, alegando cifras entre 30 e 50 milhões de dólares durante as eleições de 2022, sem provas, justificando como um “desabafo” de seu “temperamento”. “Me desculpe, não tive intenção de acusar”, disse ele a Moraes, em tom de retratação. Outro réu negou participação em reuniões filmadas, amplamente divulgadas nas redes sociais, onde aparecia em destaque. Essa amnésia, claramente seletiva, recorda apenas o que atenua os crimes – tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Como jornalista e professor universitário esclareço que este tema não é recorrente em minha prática. Evito juízos políticos, focando em justiça social, preservação ambiental, transição energética, avanços tecnológicos, literatura criativa e o impacto das redes sociais na desumanização, onde o virtual sufoca o real.
A gravidade deste julgamento, porém, exige atenção. Minha análise baseia-se em documentos oficiais, transmissões da TV Justiça, publicações no YouTube do STF e reportagens confiáveis, garantindo uma abordagem apartidária. Este artigo apresenta os fatos, revelando a incredulidade diante de depoimentos que desafiam a lógica e a verdade.
Interrogatórios revelam contradições
Os interrogatórios, iniciados em 9 de junho de 2025, começaram com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator premiado. Ele confirmou a existência de uma minuta que previa estado de sítio e prisão de autoridades, incluindo Moraes. “O presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento. E fez algumas alterações no documento. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões”, disse Cid, mantendo apenas Moraes na lista. Cid relatou ter recebido recursos de Walter Braga Netto para financiar acampamentos e até um plano para ass o ministro.
Apesar de se dizer “observador”, Cid reforçou a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) de uma organização criminosa. Um momento de leveza rompeu a tensão: ao citar xingamentos contra Moraes, Cid provocou risadas, com o ministro retrucando que estava “habituado”.
Ainda no primeiro dia, o deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, negou monitoramento ilegal de autoridades do STF e do TSE. Acusado de disseminar desinformação, ele itiu um relatório, sem provas, prevendo vitória de um candidato em 2022 no primeiro turno, mas insistiu que era “pessoal”. As evidências da PGR contradizem suas negativas, expondo-o como peça central em narrativas desestabilizadoras.
No dia 10, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, enfrentou questionamentos sobre sua suposta oferta de tropas para ações golpistas. A PF aponta que, em 2022, ele apoiou a decretação de estado de sítio e uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Garnier negou, afirmando: “Nunca falei essa frase”, sobre tropas à disposição. Sobre o desfile de blindados em 2021, durante a votação da PEC do voto impresso, ele chamou de “coincidência”. “O presidente (Bolsonaro) não abriu a palavra para nós. O presidente expressou para nós o que me pareceu muito mais preocupações e possibilidades”, disse, negando debates sobre medidas antidemocráticas. Sua postura evasiva, com um “sorriso irônico”, contrastou com depoimentos de outros militares.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, foi questionado sobre uma minuta golpista encontrada em sua casa. Ele minimizou: “Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está no Google até hoje”. Sobre falas agressivas, como “todos iam se foder”, ele se desculpou: “Peço desculpas pelas palavras, era uma reunião fechada. Acabei me excedendo”. Torres negou provas de fraudes nas urnas, afirmando que relatórios sugeriam apenas “melhorias”. “Se perder a eleição, já era. Não há mais o que fazer”, disse, em diálogo com Braga Netto, tentando contextualizar sua posição.
O general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI, optou por responder apenas à sua defesa, exercendo o direito ao silêncio. Questionado sobre desinformação eleitoral, negou: “Não, eu não tinha nem tempo para fazer isso”. Sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que visava assassinatos, ele afirmou: “Nunca soube de trama golpista e de ‘gabinete de crise’”. “Abin nunca foi utilizada para fins escusos”, disse, defendendo a gestão de Ramagem. Sua estratégia evitou confrontos, mas não dissipou as acusações.
O interrogatório do ex-presidente, na tarde de terça-feira, foi tenso. Acusado de liderar a trama, ele enfrentou provas como mensagens, áudios e a delação de Cid. Sua narrativa de inocência desmoronou em contradições e lapsos. Questionado sobre a minuta golpista, hesitou: “Não havia clima e oportunidade para qualquer ação fora da Constituição”. Respostas evasivas forçaram Moraes a reformular perguntas, enquanto ele pedia desculpas por falas gravadas: “Me desculpe, não tive intenção de acusar”. “Eu tenho que provar que sou inocente ou eles têm que provar que sou culpado?”, questionou antes da sessão, sugerindo perseguição.
O general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, negou conhecimento dos atos de 8 de janeiro, classificando-os como “baderna”, não golpe. “Aquilo ali não é golpe em lugar nenhum. Aquilo foi uma baderna”, disse. Sobre reuniões onde se discutiu GLO, ele se surpreendeu com perguntas do advogado: “Vai me perguntar sobre reunião, cara?”. Sua defesa tentou contextualizar, mas as provas sugerem maior envolvimento. “Você não combinou comigo, viu? Mas tudo bem”, disse ao advogado, gerando risadas e constrangimento.
Uma conspiração contra a Constituição
O julgamento inclui Braga Netto, preso e ouvido por videoconferência. A PGR aponta ações coordenadas, como a criação de uma “Comissão de Regularidade Eleitoral” e o plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa assassinatos. A gravidade dos crimes é como um tribunal que julga a tentativa de incendiar a Constituição, um fogo que consome as vigas da democracia.
Transmitidos ao vivo, os interrogatórios marcam um momento histórico. Pela primeira vez, um ex-chefe de Estado e aliados são confrontados por tentativa de golpe. O STF, alvo de ataques desde 2021, demonstra transparência e rigor.
O julgamento intensifica a polarização: alguns falam em “caça às bruxas”, outros celebram a responsabilização. Como professor universitário da área de ciências humanas, vejo uma chance de fortalecer as instituições, se conduzido com imparcialidade.
As sessões, até 13 de junho, devem esclarecer o papel dos réus, preparando o julgamento final, no segundo semestre. Condenações podem resultar em até 46 anos de prisão, redefinindo o cenário político.
Os eventos de 8 de janeiro de 2023 são um alerta sobre a fragilidade da democracia. Como jornalista, acredito que a verdade, como defendida por Moraes, deve prevalecer. Como humanista, espero que este capítulo inspire uma sociedade mais justa, onde o respeito às instituições seja inegociável. O desfecho dirá se o Brasil sairá mais forte ou dividido.
Quem viver, verá!
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