União Brasil e PP se afastam de Lula e indicam rompimento iminente com o governo
Siglas criticam MP de Haddad, articulam federação e podem vetar participação em cargos do Executivo a partir de 2026
247 - União Brasil e PP caminham para uma ruptura formal com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O cenário foi escancarado na quarta-feira (11), no Salão Verde da Câmara dos Deputados, quando os presidentes das duas legendas manifestaram oposição à medida provisória que recompõe perdas com o recuo na alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O episódio foi visto como prenúncio do rompimento, relata o Metrópoles.
As duas siglas estão prestes a formalizar uma federação, batizada de União Progressista, com planos de atuar como uma só estrutura política nas eleições de 2026. Juntas, comandam hoje quatro ministérios na Esplanada e, se mantido o atual desenho parlamentar, formarão a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares, além de 13 senadores — o que as tornaria a terceira maior força no Senado.
Críticas internas no governo e alertas do PT - No núcleo do Palácio do Planalto, há quem atribua o movimento à falta de amarras nos acordos firmados ainda na transição. Integrantes do governo apontam que Lula teria cometido um “erro capital” ao entregar três pastas ao União Brasil sem exigir contrapartidas sólidas de fidelidade legislativa. A ala petista que critica essa estratégia entende que houve excesso de confiança na manutenção da governabilidade por meio de alianças informais.
Outros setores do PT, no entanto, acreditam que ainda há tempo para conter uma debandada total. Avaliam que é possível convencer parcelas das duas legendas a permanecerem na coalizão, especialmente em nome da estabilidade institucional e da reeleição de Lula em 2026.
Alcolumbre, o pilar de sustentação no Senado - Nesse esforço de contenção de danos, o governo foca suas apostas em manter o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que se tornou um dos principais articuladores da base no Congresso. Alcolumbre tem influência expressiva na máquina pública: comanda o Ministério da Integração Regional, com Waldez Góes, e garantiu recentemente uma nomeação para a Codevasf. Ele ainda pleiteia indicações em agências reguladoras vinculadas ao Ministério de Minas e Energia.
Proibição de cargos no governo: federação em marcha - A ruptura em curso ganhou contornos mais definidos com as declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de Jair Bolsonaro (PL) e presidente do partido. Em discurso no Congresso, ele afirmou que o estatuto da futura federação deve ser finalizado em 9 de julho, com a previsão de vedar a ocupação de cargos no governo Lula por parte de qualquer filiado das duas legendas. A fala do senador foi aplaudida por parte dos parlamentares presentes. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, preferiu não se manifestar publicamente no momento, já que tem sua sigla no controle de três ministérios.
Nos bastidores, líderes dos dois partidos confirmaram ao Metrópoles que avisaram previamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre a decisão de se posicionar contra a MP do IOF — gesto interpretado como sinal definitivo de desembarque.
IOF como catalisador do afastamento - Para o União Brasil e o PP, a medida provisória que trata da compensação fiscal pela redução do IOF foi a gota d’água. Segundo os parlamentares, o governo tem acumulado erros estratégicos e de comunicação, o que teria comprometido a imagem de Lula e dificultado sua recuperação política. Entre os episódios citados estão a crise do Pix no início do ano — quando o governo recuou de uma proposta de cobrança após forte reação popular —, as denúncias de fraudes no INSS e, agora, a polêmica do IOF, considerada mais um caso de aumento de imposto.
Há o entendimento, nas duas legendas, de que o governo não dispõe de tempo hábil, nem espaço orçamentário, para reverter a curva descendente de aprovação presidencial. Medidas positivas, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, seriam insuficientes diante das crises sucessivas protagonizadas pela própria Esplanada.
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