Em conversa por telefone, Trump diz a Netanyahu que é necessário buscar acordo com o Irã sobre a questão nuclear

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na noite de segunda-feira (9). A informação é do jornal The Times of Israel, que revelou detalhes da ligação de 40 minutos, ocorrida logo após o anúncio do Irã de que responderá em breve à mais recente proposta americana para um acordo nuclear.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, o presidente Trump teria declarado que os EUA apresentaram uma “proposta razoável” ao Irã e aguardam uma resposta nos próximos dias. Ainda de acordo com o comunicado, Trump adiantou que está prevista uma nova rodada de negociações com os iranianos para o fim de semana.

“Os Estados Unidos estão tentando fazer um acordo para que não haja destruição e morte”, declarou Trump a jornalistas na Casa Branca, enfatizando a importância de uma solução pacífica. “Eles são negociadores duros”, acrescentou, referindo-se à postura da delegação iraniana.

O chefe da Casa Branca revelou ainda que uma reunião com os representantes iranianos está marcada para quinta-feira, enquanto fontes diplomáticas em Teerã, citadas pela agência Reuters, confirmam que a próxima rodada de negociações indiretas entre EUA e Irã ocorrerá no domingo, em Mascate, capital de Omã.

Trump foi categórico ao apontar os limites da proposta americana: “Eles [iranianos] estão apenas pedindo coisas que você não pode fazer. Eles buscam enriquecimento [de urânio]. E eu disse que isso simplesmente não é aceitável.”

O presidente americano reafirmou que, embora prefira um acordo, não permitirá que o Irã mantenha sua capacidade de enriquecimento nuclear. “Eles não vão enriquecer. Se enriquecerem, teremos que fazer o contrário”, alertou, insinuando a possibilidade de uma resposta militar caso o entendimento fracasse.

Logo após a conversa com Trump, Netanyahu convocou uma reunião de segurança com altos funcionários do governo israelense e ministros-chave, como Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional), Bezalel Smotrich (Finanças), Israel Katz (Defesa), Aryeh Deri (líder do Shas) e Ron Dermer (Assuntos Estratégicos).

O Canal 13 informou que o premiê instruiu Dermer e o chefe do Mossad, David Barnea, a se encontrarem com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, como parte da preparação para as novas negociações com o Irã.

A expectativa pela resposta iraniana paira sobre um cenário de tensão crescente na região, onde interesses divergentes e alianças estratégicas moldam os rumos da diplomacia internacional. A proposta americana, cujos detalhes ainda não foram oficialmente divulgados, incluiria, segundo fontes próximas ao processo, a permissão para que o Irã mantenha atividades de enriquecimento de urânio em níveis baixos e sob rigorosa supervisão internacional — algo que contraria publicamente as declarações mais recentes do presidente Donald Trump, mas que, nos bastidores, pode ser visto como concessão tática para evitar o colapso das negociações.

Especialistas ouvidos por veículos israelenses apontam que a retomada do diálogo entre EUA e Irã representa uma tentativa de Washington de recuperar protagonismo na região após anos de imes, sanções e escaladas militares. 

Enquanto isso, Netanyahu busca equilibrar sua posição entre apoiar os esforços diplomáticos de Trump e manter o apoio de sua base conservadora e dos setores militares israelenses que desconfiam de qualquer entendimento com o regime iraniano. A reunião de segurança realizada logo após o telefonema com Trump demonstra a preocupação do governo israelense com as possíveis implicações de um novo acordo.

Com a nova rodada de negociações marcada para domingo, todas as atenções se voltam agora para Teerã. A resposta iraniana poderá destravar uma solução negociada para uma das disputas mais duradouras da geopolítica moderna — ou reacender um ciclo de confrontos que nenhuma das partes, ao que tudo indica, deseja ver novamente.