"A prova é absolutamente abundante e independe da delação de Cid", diz Kakay sobre réus por tentativa de golpe
Criminalista avalia depoimento de Mauro Cid, critica tentativas de nulidade e afirma que o processo contra os golpistas está maduro para julgamento
247 - Em entrevista concedida à TV 247, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, avaliou os desdobramentos do interrogatório dos réus por tentativa de golpe de Estado no Brasil. A entrevista foi ao ar no contexto do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e delator no processo. Com mais de quarenta anos de atuação no direito penal, Kakay foi enfático: “a prova é absolutamente abundante e independe da delação dele”.
Kakay destacou que, mesmo que a delação de Mauro Cid fosse eventualmente anulada, o impacto sobre o conjunto probatório seria nulo. “Se cair, é ruim para o Mauro Cid, que vai perder os benefícios. Para o processo em si, não tem nenhuma importância”, afirmou. Segundo ele, a denúncia apresentada pelo Ministério Público está sustentada em múltiplos depoimentos e documentos que confirmam a acusação contra Bolsonaro e seus aliados.
O advogado também alertou para a estratégia de alguns defensores de buscar nulidades processuais como forma de postergar o inevitável. Mencionando o caso do general Braga Netto, que está preso preventivamente e solicitou que seu interrogatório não fosse transmitido pela TV Justiça, Kakay foi direto: “o ministro Alexandre [de Moraes] fez muito bem em indeferir, porque você tem que dar o mesmo tratamento. Se Ramagem depõe com transmissão, por que Braga Netto seria diferente?”.
Apesar de afirmar que não gosta de delatores, lembrando que perdeu clientes no Mensalão e na Lava Jato por se recusar a defender colaborações premiadas, Kakay reconheceu a força do depoimento de Mauro Cid. “Foi arrasador, especialmente para o Bolsonaro, quando fala da questão da minuta”, comentou, referindo-se à acusação de que o ex-presidente teria alterado uma minuta de golpe.
O criminalista ainda observou o clima de desespero crescente entre os réus. “Essas pessoas sabem que, dentro de no máximo três meses, estarão presas em penitenciárias comuns. O general que está preso hoje no quartel, em outubro vai estar na Papuda ou em Bangu”, alertou. Segundo ele, o período pré-condenação é ainda mais cruel do que o cumprimento da pena. “É a angústia de estar foragido, de estar sem poder falar com ninguém”, disse, relatando episódios vividos com outros clientes em situações semelhantes.
Sobre o futuro do processo, Kakay manteve a previsão de que o julgamento deve ocorrer até meados de agosto, contrariando colegas que apostavam em um trâmite de dois a três anos. “Esse processo vai estar maduro para julgar no máximo em agosto, se não houver suspensão dos prazos por causa do recesso”, assegurou.
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