China amplia abertura do setor de serviços com novo programa piloto nacional
Plano inclui 155 medidas em áreas como telecomunicações, saúde, finanças e turismo e reafirma compromisso chinês com a globalização econômica
247 – Em meio ao avanço do protecionismo e do unilateralismo no cenário internacional, a China anunciou nesta segunda-feira (22) um ambicioso plano para expandir a abertura do setor de serviços por meio da ampliação de programas-piloto em diversas cidades do país. As informações foram divulgadas em entrevista coletiva realizada pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado em Pequim, com declarações de Ling Ji, vice-ministro do Comércio e representante adjunto para o comércio internacional da China, e repercutidas pelo Global Times.
De acordo com Ling, “esta é uma ação concreta para cuidar bem dos próprios assuntos da China e injetar mais certeza e estabilidade no mundo”. O novo plano de trabalho acrescenta nove cidades ao projeto-piloto de abertura do setor de serviços — entre elas Dalian (Liaoning), Ningbo (Zhejiang), Xiamen (Fujian) e Shenzhen (Guangdong) — e detalha 155 tarefas distribuídas por diversos setores estratégicos.
Medidas para modernizar e internacionalizar o setor
O plano traz medidas arrojadas de liberalização. No setor de telecomunicações, por exemplo, está prevista a remoção de restrições à participação estrangeira em serviços como lojas de aplicativos e o à internet. Na área da saúde, permitirá que médicos estrangeiros abram clínicas e atuem temporariamente na China. No setor financeiro, há apoio ao desenvolvimento de serviços internacionais de fomento mercantil (factoring), incentivo à gestão centralizada de fundos em yuan por multinacionais e expansão do programa para fundos de investimento estrangeiros qualificados (Qualified Foreign Limited Partners).
No comércio, cultura e turismo, será permitida a operação de serviços de turismo emissivo por agências estrangeiras. Já na área de transportes, o plano estimula a cooperação no transporte marítimo de contêineres, com foco em intercâmbio e compartilhamento de infraestrutura.
Reação ao cenário internacional e reforço do multilateralismo
A iniciativa surge como resposta direta ao enfraquecimento do sistema de comércio multilateral e à instabilidade provocada, entre outros fatores, pelos “chamados tarifários recíprocos” anunciados pelo governo dos Estados Unidos, atualmente presidido por Donald Trump em seu segundo mandato. Segundo Ling, tais medidas "prejudicaram seriamente o sistema de comércio multilateral, desorganizaram a ordem comercial internacional e colocaram em risco a segurança e estabilidade das cadeias globais de produção e fornecimento".
Ele destacou que o novo plano está alinhado com “regras econômicas e comerciais internacionais de alto padrão”, como o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (TPP) e a Parceria da Economia Digital (DEPA). “O plano reflete o compromisso inabalável da China com uma maior abertura, destaca as vantagens abrangentes da expansão do setor de serviços e demonstra o apoio firme à globalização econômica e ao multilateralismo”, afirmou.
Impactos econômicos e projeções para o futuro
O setor de serviços tem papel cada vez mais central na economia chinesa. Em 2024, segundo a agência estatal Xinhua, ele respondeu por 56,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, um aumento de 0,4 ponto percentual em relação a 2023. No mesmo período, o setor gerou mais de 7 milhões de empregos adicionais.
Para Hu Qimu, secretário-geral adjunto do Fórum de Integração das Economias Digital e Real, “à medida que a China avança no seu próprio desenvolvimento, permanece comprometida com a abertura e a cooperação, apesar do protecionismo crescente no mundo”. Ele destaca que a abertura contínua cria novas oportunidades para empresas globais se beneficiarem do crescente mercado chinês.
Já Hong Tao, diretor do Instituto de Economia Empresarial da Universidade de Tecnologia e Negócios de Pequim, enfatizou que “o setor de serviços é um pilar vital da economia moderna”. Ele explica que, internamente, a abertura promove inovação, gestão avançada e gera empregos; externamente, envia “um sinal claro de estabilidade e cooperação ao mundo”.
Com este novo plano, a China reafirma sua estratégia de longo prazo: impulsionar a modernização econômica e integrar-se ainda mais profundamente à economia global, enquanto mantém o controle sobre sua agenda de desenvolvimento e busca estabilidade diante de um cenário internacional volátil.
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