"Não procede a acusação", diz Bolsonaro ao ser interrogado por Moraes sobre tentativa de golpe
Ex-mandatário nega envolvimento em articulação golpista e afirma que “desconfiança das urnas não é algo privativo meu”
247 - O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, na tarde desta terça-feira (10), os interrogatórios dos réus do chamado "núcleo crucial" da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022. O sexto depoente a prestar esclarecimentos foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como figura central da organização criminosa responsável por articular a ruptura democrática. Questionado diretamente pelo ministro Alexandre de Moraes se a denúncia apresentada procedia, Bolsonaro foi categórico. “Não procede a acusação, Excelência”, disse o ex-mandatário.
Durante a oitiva, Bolsonaro também minimizou sua postura crítica ao sistema eleitoral, afirmando que a “desconfiança das urnas não é algo privativo meu”. Na tentativa de justificar essa visão — sem apresentar provas — o ex-presidente mencionou discursos anteriores de outras autoridades.
Na chegada ao plenário da Primeira Turma do STF, pela manhã, Bolsonaro indicou disposição para responder de forma extensa ao interrogatório, caso se sentisse à vontade: “Se puder ficar à vontade, posso falar por horas”.
Cerca de uma hora antes da oitiva de Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes indeferiu pedido da defesa do ex-presidente para a exibição de vídeos no decorrer do interrogatório. Segundo Moraes, o conteúdo audiovisual poderá ser juntado posteriormente aos autos. Ao chegar à sessão no início da tarde, Bolsonaro declarou: “Não achei nada”.
Na segunda-feira (9), já haviam prestado depoimento o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem. A sessão desta terça pela manhã ouviu três outros réus: o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro.
Esses depoimentos integram a fase de instrução processual, momento dedicado à coleta de provas que subsidiarão o julgamento. É nesta etapa que os réus têm a oportunidade de responder formalmente às acusações e apresentar suas versões dos fatos.
Encerrada a fase de interrogatórios, o processo pode seguir para diligências adicionais, caso solicitadas por alguma das partes. Em seguida, abre-se o prazo de 15 dias para a apresentação das alegações finais, etapa anterior ao julgamento pelo colegiado da Primeira Turma do Supremo.
De acordo com a PGR, os interrogados fazem parte do “núcleo crucial” da suposta organização criminosa responsável por tentar romper a ordem democrática no Brasil. Além de Jair Bolsonaro, integram essa etapa os seguintes réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
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