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Washington Araújo

Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

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Portas do inferno abertas: Israel ataca Teerã e escalada ameaça o Oriente Médio

O ataque de Israel a Teerã é um divisor de águas. A destruição de alvos nucleares reflete a determinação de Israel, mas eleva o risco de guerra regional

Ilustração com bandeiras de Israel e do Irã (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

Por volta das 21:00 de 12 de junho de 2025 (horário de Brasília), as primeiras notícias de explosões devastadoras em Teerã, capital do Irã, começaram a circular, conforme relatos iniciais de fontes como a agência iraniana IRNA e posts no X. Israel lançou um ataque aéreo de grande escala contra alvos estratégicos iranianos, marcando uma escalada sem precedentes na rivalidade entre os dois países. Até às 00:30 de 13 de junho de 2025 (horário de Brasília), fontes confiáveis como The New York Times, The Guardian, Reuters, The Washington Post, Le Monde, Der Spiegel e The Times confirmam que a operação, batizada de “Leão Ascendente”, atingiu instalações nucleares e bases da Guarda Revolucionária Islâmica, matando figuras-chave como o comandante Hossein Salami e o ex-chefe da Organização de Energia Atômica, Fereydoon Abbasi. O ataque coloca o Oriente Médio à beira de um conflito regional catastrófico.

Há mais de 28 anos, acompanho jornalisticamente a fragilidade da paz no Oriente Médio, um tema central nas disciplinas que ministro em universidades de Brasília. Sempre visualizei um conflito direto entre Israel e Irã como as portas do inferno se abrindo, uma imagem sombria que agora ganha contornos reais. Este artigo analisa as origens do ataque, seus objetivos, o poderio militar empregado, as consequências de um Irã nuclear, possíveis retaliações iranianas, o papel dos Estados Unidos e as reações imediatas de líderes nas redes sociais, capturando o clima de tensão horas após o evento.

Raízes de um conflito: Décadas de hostilidade - As tensões entre Israel e Irã remontam à criação do Estado de Israel em 1948. Sob a monarquia Pahlavi, o Irã foi um aliado, reconhecendo Israel como o segundo país de maioria muçulmana.

A Revolução Islâmica de 1979, liderada pelo aiatolá Khomeini, transformou o Irã em uma teocracia xiita que rejeita Israel, chamando-o de “inimigo sionista”.

Ataques cibernéticos, assassinatos de cientistas nucleares iranianos (atribuídos ao Mossad) e apoio iraniano a grupos aliados ao Irã, como Hezbollah, Hamas e Houthis, marcaram essa rivalidade.

Escalada recente: de Gaza a Teerã - O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelenses, desencadeou a guerra em Gaza. O Irã, principal financiador do Hamas e do Hezbollah, intensificou suas ações.

Em abril e outubro de 2024, Teerã lançou mais de 500 mísseis e drones contra Israel, em retaliação a bombardeios na Síria e assassinatos de líderes como Ismail Haniyeh e Hassan Nasrallah.

Israel respondeu com ataques limitados, como o de Isfahan em abril de 2024, visando defesas aéreas iranianas. The Guardian destaca que a queda do regime Assad na Síria, em dezembro de 2024, enfraqueceu a rede iraniana.

O ataque de 12 de junho de 2025 é um marco. Reuters informa que Israel justificou a operação como preventiva contra o programa nuclear iraniano, após a AIEA censurar Teerã por enriquecer urânio a 90%.

O fracasso das negociações nucleares com os EUA, em abril de 2025, e a vulnerabilidade iraniana após os ataques de outubro de 2024, que danificaram suas defesas, precipitaram a decisão.

Objetivos e força militar: precisão letal - Os alvos incluíram instalações nucleares em Natanz e Fordow, fábricas de mísseis em Parchin e bases da Guarda Revolucionária em Teerã e Karaj. The Washington Post relata que Israel mobilizou caças F-35 e F-15, drones armados e mísseis balísticos.

A operação, apoiada pelo “Domo de Ferro” e baterias Arrow, demonstrou a supremacia aérea israelense, consolidada desde a Guerra dos Seis Dias (1967). Le Monde destaca a destruição de centrífugas em Natanz.

Israel, com um orçamento militar de US$ 19,4 bilhões (2022), 340 caças e cerca de 90 ogivas nucleares (estimativa do SIPRI), priorizou neutralizar a capacidade nuclear e a Guarda Revolucionária, que coordena milícias apoiadas.

A operação foi planejada por meses, com inteligência de satélites, drones e agentes infiltrados, segundo The Times. O objetivo foi retardar o programa nuclear iraniano em anos.

Vozes na crise: reações nas redes sociais - Líderes israelenses e iranianos usaram o X para moldar a narrativa. Às 22:47 de 12 de junho, Benjamin Netanyahu postou: “Israel lançou a Operação ‘Leão Ascendente’ para reverter a ameaça iraniana. Continuaremos até eliminá-la.”

O ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou às 21:40: “Declaramos estado de emergência. O ‘Domo de Ferro’ está ativo.” A mensagem projeta confiança na defesa israelense.

Do lado iraniano, a conta da Guarda Revolucionária declarou: “o regime sionista pagará um preço alto. Nossa resposta será dura”. O presidente Masoud Pezeshkian não se pronunciou diretamente.

A agência estatal IRNA citou um porta-voz prometendo “resposta com força total”. Essas mensagens refletem a pressão interna no Irã para uma retaliação robusta.

Ameaça nuclear: um Irã armado? - O programa nuclear iraniano é o cerne do conflito. A AIEA confirmou em 2025 que o Irã possui material físsil para 15 bombas atômicas, com urânio enriquecido a 90%.

Um Irã nuclear traria consequências graves:

  1. Corrida armamentista: desafiaria Israel e incentivaria programas nucleares na Arábia Saudita, Turquia e Egito, segundo Der Spiegel.
  2. Conflitos intensificados: daria confiança ao Irã para apoiar grupos aliados, como o Hezbollah, com 100 mil foguetes, aumentando o risco de guerra nuclear limitada.
  3. Isolamento global: sanções e intervenção militar agravariam a crise econômica iraniana (inflação de 40% em 2024) e protestos, como os de 2022.

A censura da AIEA e o colapso das negociações nucleares, que exigiam zero enriquecimento, intensificaram a urgência em Israel.

Retaliação iraniana: três cenários possíveis - O Irã, com um orçamento militar de US$ 44 bilhões e 610 mil militares, possui mísseis Sejil e Kheibar, capazes de atingir Israel em 12 minutos. The Times aponta três cenários:

  1. Ataque direto: mísseis e drones contra Tel Aviv, como em 2024, com danos limitados pelo “Domo de Ferro”.
  2. Mobilização de aliados: Hezbollah, Houthis e milícias iraquianas poderiam atacar Israel e bases americanas. O Hezbollah mantém milhares de foguetes no Líbano.
  3. Guerra assimétrica: ataques cibernéticos ou atentados no exterior evitariam confronto direto, onde o Irã é inferior.

Os ataques israelenses de 2024 danificaram a produção de mísseis iranianos, mas Teerã mantém capacidade retaliatória.

Papel dos EUA: apoio e cautela - Os EUA estão em posição delicada. The Guardian cita Marco Rubio chamando o ataque de “unilateral”. Trump, buscando um acordo nuclear, criticou ações que comprometam a diplomacia.

Os EUA evacuaram diplomatas do Iraque, segundo CBS News, temendo retaliações. Com 40 mil tropas na região e destróieres no Mediterrâneo, Washington apoia Israel com inteligência e sistemas Patriot.Le Monde sugere que os EUA podem mediar uma trégua, mas a polarização política e as eleições de 2026 limitam Trump.

Um futuro incerto: o risco de conflagração - O ataque de Israel a Teerã em 12 de junho de 2025 é um divisor de águas. A destruição de alvos nucleares reflete a determinação de Israel, mas eleva o risco de guerra regional.

As mensagens de Netanyahu e da Guarda Revolucionária sinalizam inflexibilidade. As próximas horas determinarão se o Irã optará por retaliação direta ou assimétrica.

Os EUA tentam equilibrar apoio a Israel com diplomacia para evitar um conflito global. O Oriente Médio está à beira do abismo, com as portas do inferno escancaradas.

A situação atual do mundo me lembra a comédia clássica de 1980, Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu!, dirigida por Jim Abrahams e os irmãos Zucker, onde um voo caótico depende de um piloto improvável. Desde 2024, sinto que a paciência de Deus, em quem acredito profundamente, está se esgotando. Mais do que nunca, a paz deve prevalecer sobre interesses nacionais, econômicos e as falaciosas supremacias dos senhores da guerra. Esses senhores são especialistas em reduzir drasticamente o número de seres humanos no planeta. São aqueles que fabricam cemitérios em uma velocidade jamais vista. De outro lado, lembram crianças de três anos brincando com fósforos e galões de gasolina.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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